quarta-feira, 16 de novembro de 2011

CONTOS DA RUA BROCÁ

Vou dividir uma paixão recente, um livro infantojuvenil fantástico chamado CONTOS DA RUA BROCÁ, do francês Pierre Gripari (Editora Martins Fontes, 218 páginas), não é nenhum lançamento, mas os livros se tornam importantes à medida que estamos abertos para lê-los. A idéia do livro em si já é fascinante, Gripari escreveu em colaboração com crianças, ou seja, não é apenas a visão do adulto, impregnada dos inevitáveis calos que a vida nos traz, que se nos apresenta página a página. Antes é o olhar que as crianças têm sobre o mundo. E todos os temas são tratados: vida, morte, nascimento, amor, resiliência, ética, valorização da mulher, enfim, tudo aquilo que acreditamos não ser assunto de crianças ali está tratado e de uma maneira simples e divertida. O aspecto que mais me chamou a atenção nos contos foi a sua proposição moral: não é maniqueísta. Há um conto chamado O DIABINHO BOM que é bastante perturbador neste sentido, porque coloca claramente que aspectos com ser bom ou mal são dados pela cultura. O diabinho, como o próprio título anuncia, quer ser bom e, portanto, é banido do inferno, por seu pai, por comportamento inadequado. Assim ele passa por inúmeras provações para conseguir ser aprovado no céu. A aceitação da diversidade também é um tema tratado neste conto. Outro conto que merece atenção é A FADA DA TORNEIRA, que traz uma surpreendente valorização da cultura pagã e questina os métodos de dominação utilizados pelos padres para submeter um vilarejo. O último conto NÃO-SEI-QUEM, NÃO-SEI-O-QUÊ é uma precisiosidade, o único que não foi escrito com as crianças, mas é a reunião de contos russos. Pierre Gripari foi um autor que povoou toda a minha infância e que voltou novamente à minha vida para povoar a infância do meu filho Pedro. É um autor para todas as idades e para todos os tempos. Boa leitura

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